quarta-feira, 27 de outubro de 2010

NELSON RODRIGUES E SUA DRAMATURGIA POLÊMICA

Por Camila Moura Marcon (Letras/Chapecó)
 
No sábado, dia 16 de outubro, acadêmicos do curso de Letras e professores do Campus de Chapecó foram prestigiar, no Campus de Erechim, o Prof. Dr. Ricardo Martins que ministrou a palestra sobre “O Popular e a Decadência em Nelson Rodrigues”,

Aos 17 anos Nelson Rodrigues assistiu seu irmão (seu ídolo) ser baleado por uma mulher. Ela havia sido prejudicada com a publicação de uma reportagem não autorizada sobre sua vida íntima. O fato foi tão trágico, que é visto como um divisor de águas nas obra Rodriguiana.

A figura da mulher então passa a ter uma presença muito forte, sendo a favorita, a principal, tornando-se o centro na dramaturgia de Nelson Rodrigues. Em suas frases polêmicas e cheias de humor, ela sempre se faz presente, como pode-se perceber em frases como: “ Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais”; “O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É degradante que um homem deseje a mãe dos seus próprios filhos”; e “Não existe família sem adúltera”.

É importante destacar que o dramaturgo escreveu sobre uma pesada atmosfera de totalitarismo, como confirma o prof. Ricardo: “Os indivíduos viviam uma grande repressão, mas a perversões sexuais sempre se fizeram presentes no Brasil, consequências de um país constituído sobre 3 grandes traumas ainda não resolvidos”. Seriam eles: o Holocausto que aconteceu contra a população indígena na época da colonização; a escravidão e a ditadura de 1964.

O retrato dessas consequências recaem sobre a família carioca, que por muito tempo foi a referência da família brasileira e o grande laboratório para escritores e artistas, sendo fielmente retratada nas obras Rodriguianas. Sendo assim, a traição, o desejo e as mais diversas formas de perversões estão fortemente presentes na trajetória do autor. A palestra foi encerrada com discussões interessantes, onde os temas abordados giraram em torno dos assuntos polêmicos que Nelson Rodrigues sempre fez questão de publicar.

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