Por Silvana Castilho (Engenharia de Alimentos / Laranjeiras do Sul)
Hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis a cada dia tornam-se práticas mais significativas para a diminuição do risco de doenças e, consequentemente, para a promoção de qualidade de vida da população. O papel da alimentação equilibrada na manutenção da saúde tem despertado, por isso, o interesse da comunidade científica, que tem produzido inúmeros estudos com o intuito de comprovar a atuação de certos alimentos na prevenção de doenças.
Sabe-se que na década de 80, no Japão, foram feitos os primeiros estudos que comprovaram que alguns alimentos, além de satisfazerem às necessidades nutricionais básicas, desempenhavam efeitos fisiológicos benéficos ao organismo. Após anos de estudo, a partir de 1993, uma nova categoria de alimentos foi, então, regulamentada sob a denominação de "Foods for Specified Health Use (FOSHU)”, em português, Alimentos Funcionais ou Nutracêuticos.
Esses são alimentos ou ingredientes que, por sua composição química, produzem efeitos metabólicos ou fisiológicos benéficos para o crescimento, desenvolvimento, manutenção e para outras funções normais do organismo humano, podendo até mesmo auxiliar na prevenção de doenças, além de satisfazer às necessidades nutricionais básicas de um indivíduo.
Dentre os ingredientes funcionais mais conhecidos, estão: o betacaroteno, que ajuda a diminuir o risco de câncer e pode ser encontrado na abóbora, na cenoura, no mamão, na manga, no damasco, no espinafre e na couve; o ômega 3, que auxilia na diminuição do risco de doenças cardiovasculares e está presente em peixes de água fria, como salmão e truta, e no óleo de peixes; os flavonóides, que diminuem o risco de câncer e atuam como anti-inflamatórios e estão em alimentos como suco natural de uva, vinho tinto, café, chá verde, chocolate e própolis; os probióticos (micro-organismos vivos), que ajudam no equilíbrio da flora intestinal e podem ser encontrados em iogurtes e leites fermentados.
Os alimentos funcionais incluem uma ampla variedade de alimentos de origem animal ou vegetal e podem ser classificados quanto à atuação, em seis diferentes áreas do organismo: no sistema gastrointestinal, no sistema cardiovascular, no metabolismo de substratos, no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular, no comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes.
As propriedades desses alimentos podem ser provenientes de seus constituintes normais, como no caso das fibras e dos antioxidantes (vitamina E, C, betacaroteno), ou da adição de ingredientes que modifiquem suas propriedades originais, como no caso dos produtos industrializados (como cereais matinais ricos em fibras, leites enriquecidos com minerais ou ômega 3). Entretanto, nem todos os produtos enriquecidos com vitaminas e sais minerais podem ser considerados funcionais, uma vez que se o enriquecimento não comprovar efeito adicional sobre a saúde, o alimento deve ser categorizado apenas como enriquecido de nutrientes essenciais.
A grande demanda populacional por alimentos mais saudáveis configura uma nova tendência do mercado mundial, apontando novos rumos para a indústria, que já tem se adaptado de forma muito rápida a essas novas perspectivas. É nesse sentido que os alimentos funcionais configuram tema central de fóruns científicos e se apresentam como uma tendência de mercado muito fortemente, tanto no Brasil como no exterior.
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