Por Elder A. Tomacheski (Agronomia com ênfase em Agroecologia/Laranjeiras do Sul)
Situada no terceiro planalto paranaense, a região Cantuquiriguaçu, ou apenas Cantu, que possui esse nome por ter em suas extremidades os rios Cantu, Piquiri e Iguaçu, ocupa uma vasta área, com 13.947,073 km2 (7% do Estado), possuindo 233,9 mil habitantes, divididos em 20 municípios: Campo Bonito, Candói, Cantagalo, Catanduvas, Diamante do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão, Goioxim, Guaraniaçu, Ibema, Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu, Reserva do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Virmond.
Inicialmente, por volta de 1810, o bioma predominante nesta região era a floresta de embriófitas (floresta de araucárias), ocupando 62% do território, seguido de 21,9% de florestas semiduais (margens de rios) e, 15,4% de campos naturais.
Porém, o que vemos hoje é um cenário totalmente diferente e controverso. As florestas de Araucárias foram totalmente dizimadas e reduzidas a 3% de sua área original, dando espaço à urbanização, atividades agrícolas e pecuárias. Nesse contexto, as atividades agropecuárias são dominadas pela Agricultura familiar diversificada (lotes com até 25ha), chegando a atingir um patamar de 47,1% das propriedades.
Os problemas de urbanização também são emergentes na região. O Índice de Desenvolvimento Municipal (IDH-M), que entre outros fatores, mede as taxas de natalidade, mortalidade e acesso à educação, desenha-nos a complexidade do paradoxo existente nesta região.
A pobreza, outro fator alarmante, atinge 26.159 mil famílias, ou seja, 41,9% da população da Cantu (superior à média do Estado, que não ultrapassa a casa dos 20,9%). No geral, todos os municípios da região apresentam taxas elevadas de pobreza, tanto no meio rural, como na zona urbana. No entanto, municípios como Pinhão, Laranjeiras do Sul e Quedas do Iguaçu, lideram o Ranking quantitativo de famílias pobres (IPARDES, 2007).
Além disso, o trabalho infanto-juvenil atinge números perturbadores. Nessa região, crianças entre 10 e 13 anos (40,6% e 30% respectivamente), trabalham todos os dias para ajudar a sustentar suas famílias, ao passo que, entre os jovens de 14 a 17 anos, esse percentual se eleva para 80% e 71% respectivamente, média também superior à do estado que não ultrapassa os 16,3%. Destaca-se, nesse contexto, o trabalho de crianças e jovens na produção de carvão em alguns municípios da região, em especial, no município de Pinhão.
Seguindo ainda esse rastro de desigualdade, a educação, infelizmente, não deixa de ser preocupante. De modo geral, todos os municípios da região Cantuquiriguaçu apresentam taxas elevadíssimas de analfabetismo, tanto na zona rural, como na área urbana. Porém, os maiores índices de analfabetismo estão nos municípios de Pinhão, Diamante do Sul e Reserva do Iguaçu, onde essa taxa ultrapassa os 20%. Num outro extremo, estão municípios como Virmond, Ibema e Campo Bonito, com os melhores índices.
Quando observamos, ainda, as estatísticas referentes à saúde da população, nos deparamos com uma situação de plena calamidade. A taxa média de mortalidade infantil (menores de um ano), no Estado, é de 15,53 óbitos/mil. Já na região, esse índice é de 22,5 óbitos/mil, elevando-se ainda mais nos municípios de Foz do Jordão e Candói, para 48,3 e 35,5 óbitos/mil, respectivamente.
A síntese desses dados não permite ignorá-los. A região Cantuquiriguaçu é uma das mais pobres do estado do Paraná. E é nesse contexto que a UFFS, juntamente com outras organizações sociais, como o Conselho de Desenvolvimento do Território da Cidadania da Cantuquiriguaçu - CONDETEC, buscam traçar estratégias para mudar essa realidade. A própria vinda da Universidade já representou um grande avanço para a região, pois garantirá acesso a uma etapa da educação a que muitos da Cantu não teriam direito. Todos os programas da UFFS, nesse campus, estão voltados, portanto, para combater esses índices e garantir desenvolvimento, acima de tudo, social, para a Cantuquiriguaçu. Várias ações do campus Laranjeiras, como as de pesquisa e extensão, terão esse nome, Cantuquiriguaçu, justificando-as. Por isso, guarde-o, pois ele será mencionado em quase todas as ações da UFFS - Laranjeiras do Sul.
Fonte: IPARDES, Diagnóstico Socioeconômico do Território Cantuquiriguaçu-PR, 2007
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