sábado, 6 de novembro de 2010

Esdrúxulos de uma civilização

Crônica de Jéssica Pauletti (Ciências/Realeza)

Num vilarejo chamado Nobreza, situado no sudoeste do estado de Nirvana, a convivência na natureza era harmoniosa. Os bichos e as plantas se relacionavam de forma que um auxiliava o outro dentro das possibilidades de sua espécie e todo o ecossistema percorria seu curso natural. Porém, esse passivo ambiente sofreu mudanças que o afetou drasticamente.

Essa localidade foi invadida por um povo desconhecido, tratava-se dos Tecno-entendidos, vindos da província chamada Desenvolvimento. Estes, a partir do momento em que chegaram, implementaram suas ideologias de opressão e não permitiam contestações a elas.

Mais e mais Tecno-entendidos chegavam com o passar dos dias. Não tinha mais espaço para os animais/plantas habitarem o vilarejo. Sem as possibilidades de se contraporem à situação, foram deixados de lado, afinal eles não tinham importância para o progresso de Nobreza.

A construção de prédios e casas, o desmatamento e o acúmulo de lixo, jogado aos “trancos e barrancos”, se expandia assustadoramente. Claro que o hábitat dos bichos foi modificado. Como eles sobreviveriam a tal situação? Simples, não iriam sobreviver, dia a dia eram mortos, sem piedade. A rapidez de um invento dos Tecno-entendidos, denominado autómovel, se encarregava da grande parte dos homícidios, realizados na grande estrada de cimento que atravessava Nobreza. As demais mortes eram em decorrência de depressão, já que seu lar não era o mesmo...quanta saudade pairava sobre eles!

De vez em quando, aparecia alguém, que lutava pela vida dos seres indefesos. Adivinha o que acontecia com estes indivíduos? Eram exilados para uma província, ao lado do vilarejo, chamada Destruição. Ali eles não tinham como contestar, não tinham pessoas para conversar, ideias não surgiam, era um imenso cemitério.

O excesso de indivíduos presentes, agora, em Nobreza, acabou por provocar divergências. A ordem estava abalada, uns queriam mandar mais que os outros. Ninguém queria ser o subalterno. Pairava sobre Nobreza, o medo da explosão de uma guerra a qualquer momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário