segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O que é Agroecologia?

Por Leandro A. da Luz (Agronomia com ênfase em Agroecologia /Laranjeiras do Sul)

Embora esse termo ainda seja desconhecido por muitos, Miguel Altieri, um reconhecido estudioso do controle biológico de pragas, ecologia agrícola e desenvolvimento rural sustentável, considera que o termo agroecologia vem sendo utilizado desde os anos 70 e enfatiza que “a ciência e a prática da agroecologia tem a idade da própria agricultura” (ALTIERI, 1989).

Mas, afinal, o que é agroecologia? Embora não haja consenso na literatura sobre a definição do termo (alguns o definem como ciência, outros como processo, outros como uma prática, etc.), é possível defini-la, preliminarmente, como o estudo dos fenômenos ecológicos ou das relações da natureza que acontecem nas culturas agrícolas. Mas a agroecologia não leva em consideração somente a relação ecológica, na dimensão da produção; traz também consigo a preocupação social, econômica e a relação da sustentabilidade dos sistemas.

Para o professor Paulo Henrique Mayer, do campus Laranjeiras do Sul, “a agroecologia é um processo que preconiza o desenvolvimento sustentável de toda a população, especialmente no meio rural, pois está diretamente relacionada à Agricultura Familiar e ao desenvolvimento de projetos sustentáveis que não utilizem insumos químicos, produzindo alimentos limpos sem contaminantes”.

O mais importante é saber que a agroecologia pauta suas ações visando a três elementos: sustentabilidade social, sustentabilidade econômica e sustentabilidade cultural. É uma prática com vistas à sustentabilidade social, porque focaliza ações que gerem melhoria na qualidade de vida da populaça que a pratica, eqüidade na distribuição de renda entre os membros de uma comunidade específica e, portanto, diminuição das diferenças sociais de um grupo, requerendo participação e organização popular.

Também visa a sustentabilidade econômica, porque procura produzir alimentos com custos mais baixos para facilitar a comercialização em espaços “mais curtos”, o que diminui gastos com transporte, alterando, assim, o custo final da produção. Além disso, agroecologia refere-se também à sustentabilidade cultural na medida em que respeita as culturas locais e tenta preservar suas tradições. Ainda do ponto de vista filosófico, tenta ser mais ética em relação a preservação da vida, valorizando as espécies, de maneira geral, tentando manter a vida de todos os agroecossistemas.

A agroecologia, por sua complexa rede de interesses, não é uma ciência pronta, e está longe de apresentar uma receita de atuação que se aplique a qualquer lugar, apesar de suas leis e conceitos serem universais e aplicáveis a qualquer local do globo terrestre. O que a agroecologia exige de quem a pratica é um conjunto de conhecimentos prévios, identificados com o ideário “sustentabilidade”, e a capacidade de se refazer em cada situação, entendo as especificidades ambientais e sociais de uma determinada região.

O acervo sobre esse tema é amplo, porém a maioria das pesquisas e estudos são autônomos, sem muito investimento público. Embora a agroecologia carregue, de fato, um conceito de desenvolvimento mais condizente com os rumos de nossa sociedade moderna, os investimentos públicos ainda são direcionados a pesquisas na área da biotecnologia e da agroquímica, culturas associadas ao uso de agrotóxicos, o que só gera degradação ambiental, além de elevar os custos das produções e dificultar a vida dos pequenos agricultores.

A agroecologia, por todos os benefícios que pode proporcionar a uma sociedade, portanto um dos caminhos mais certos para nosso futuro, precisa ter seus preceitos disseminados principalmente em instituições de ensino, para que os futuros profissionais, de diversas áreas, pratiquem suas atividades lembrando sempre da interdependência meio-ambiente/homem/homem, para que lembrem que os problemas ambientais ou de outros homens são também nossos problemas.

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