Projeto Acessibilidade e Inclusão na UFFS- Campus Erechim
Por Seli Teresinha Leite (Geografia/Erechim)
O acesso ao ensino público e de qualidade é um direito assegurado a todos. Para atender aos requisitos de pessoas com necessidades especiais, “o Ministério da Educação, considerando o disposto na Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e no Decreto nº 2.306, de 19 de agosto de 1997” (MOREIRA; MICHELS; COLOSS, 2006, p. 23) determinam alguns requisitos básicos, como mobilidade e disponibilidade de equipamentos adequados, que devem ser incluídos como condições mínimas para o acesso dessas pessoas no ensino superior.
No entanto, o que percebemos é que grande parte das universidades está despreparada para atender alunos com necessidades especiais (MASINI; BAZON , 2004). Na UFFS/Erechim não é diferente: “aqui, contamos com a presença de uma intérprete de língua de sinais (Libras), mas não temos ainda um 'ledor' para atender deficientes visuais”, comenta Antônio Marcos Pumi, aluno do campus, com deficiência visual e auditiva.
Pensando nisso, está em desenvolvimento um projeto intitulado Acessibilidade e inclusão na UFFS-Campus Erechim: perspectivas teóricas e práticas, sob coordenação do Pedagogo Marcelo Luis Ronsoni, com o auxílio de Andrea Cássia Schneider e de duas bolsistas.
Andrea afirma que “esse projeto tem o intuito de desenvolver os primeiros passos na busca de poder atender com qualidade o ensino e aprendizagem do aluno Antônio e de outros que virão, visto que tanto a instituição quanto a inclusão são muito recentes e, por isso, há certa falta de informação em como proceder diante dos desafios impostos com a inclusão”. Porém, para que o processo de inclusão tenha sucesso é preciso ir mais além, buscando a concretização de ações que de fato façam a diferença, como mais professores especializados em língua de sinais e ledores para auxiliar acadêmicos com deficiência auditiva e visual, ampliação da biblioteca com obras em braile e informática acessíveis a cada caso de deficiência. Esse seria o primeiro passo, pois sabemos que a caminhada para a verdadeira inclusão é longa e cheia de barreiras que deverão ser transpostas uma após a outra, oportunizando a pessoa com necessidades especiais a ter uma vida digna dentro do contexto social em que vive.
Por enquanto, o método utilizado busca atender a demanda imediata, editando textos e livros em formato mais acessíveis ao referido aluno com deficiência visual e escrita em braille. Depois disso, pretende-se discutir e debater o assunto com toda comunidade acadêmica buscando a conscientização de que o deficiente é normal dentro de suas limitações, com condições de desenvolver-se, aprender, produzir e socializar-se. Espera-se, com este projeto, possibilitar o conhecimento sobre o tema e planejamento institucional de ações que venham ao encontro de amenizar as dificuldades que estas pessoas tem para poder estudar e conseguir concluir um curso superior, e conforme consta no projeto, em última instância, fomentar a criação de um núcleo de acessibilidade no Campus Erechim, contribuindo também com a comissão de implantação do novo Campus.
Em busca de qualificação para a universidade
Em busca de aprimoramento no atendimento a deficientes físicos, alguns servidores da UFFS, campus Erechim e Chapecó, no dia 13/5/11, se deslocaram até o Núcleo de Atendimento à Pessoas com Necessidades Especiais (NAPNE), do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do (IFRS) Campus Bento Gonçalves-RS, com o propósito de obter informações acerca da experiência do IFRS no que tange à inclusão de pessoas com necessidades especiais em cursos técnicos e superiores (com atenção especial à deficientes visuais e auditivos).
NAPNE - qualificação no IFRS-Bento Gonçalves |
Em busca de formação e inclusão
Um exemplo de inclusão, foco do projeto descrito acima, é o deficiente visual e auditivo Antônio Marcos Pumi, que perdeu a visão e a audição com 17 anos em um acidente de trânsito. Atualmente cursa o primeiro semestre de Ciências Sociais. Para ele, a busca por um curso superior é uma forma de “se tornar independente perante a sociedade”. Para conseguir chegar a universidade, Antônio contou com a ajuda e estímulo de várias pessoas e uma professora de braile que o ensinou a ler neste novo tipo de linguagem.
Mesmo com vontade de continuar os estudos após concluir o Ensino Médio, ele diz que “tinha um pouco de medo, pois sabia que seria um grande desafio”. Depois de uma tentativa (2009) frustrada, em 2010 Antônio conseguiu a aprovação no Enem. Dentre as opções que a UFFS dispunha, optou pelas Ciências Sociais por considerá-la a mais próxima da Psicologia que era seu sonho cursar. “Estou muito contente com o curso, pois estou começando a compreender melhor algumas coisas. Além disso, essa é uma experiência ímpar, um novo modo de ensino e aprendizagem”.
MOREIRA, H. F.; MICHELS, L. R.; COLOSSI, N. Inclusão educacional para pessoas portadoras de deficiência: um compromisso com o ensino superior. Escritos sobre educação, [online], v. 5, n. 1, p. 19-25, 2006. Disponível em:. Acesso em: 13 maio 2011.
REFERÊNCIAS
MOREIRA, H. F.; MICHELS, L. R.; COLOSSI, N. Inclusão educacional para pessoas portadoras de deficiência: um compromisso com o ensino superior. Escritos sobre educação, [online], v. 5, n. 1, p. 19-25, 2006. Disponível em:
MASINI, E. F. S.; BAZON, F. V. M. A inclusão de estudantes com deficiência, no ensino superior. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 28., 2005, Caxambu, MG. Anais... Caxambu: [s.n.], 2005. Disponível em: . Acesso em: 13 maio 2011.
SERVIDORES da UFFS visitam NAPNE. Jornal Bom dia, Erechim, 17 fev. 2011. Geral.
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