terça-feira, 10 de maio de 2011

Homenagens aos 140 anos da Comuna de Paris instigam alunos da UFFS a continuar a luta por uma sociedade mais justa

“alunos entusiasmam-se e pedem, aos presentes, mobilização para que a luta dos trabalhadores não se fragmente”
Por Handressa Louanne Rossi (História/Chapecó-SC)

A Comuna de Paris se constituiu na primeira experiência de revolução operária da história. Foi organizada pelo proletariado parisiense devido, entre outros fatos, ao abismo cada vez maior entre a classe operária e a burguesia. Esse abismo foi agravado pela derrota da França na guerra contra a Prússia (1870-1871), na qual o povo é que estava pagando pelas perdas sofridas.

O governo operário durou apenas 72 dias - de 18 de março a 21 de maio de 1871 -, mas os seus propósitos continuam vivos, expostos até hoje nas lutas operárias.

A UFFS, campus de Chapecó, juntamente com mais 30 universidades brasileiras, dedicou a última semana a um evento em homenagem a Comuna de Paris.

A programação iniciou na segunda pela manhã com apresentação da leitura dramática de extrato do texto “Os dias da comuna”, de Bertolt Brecht. Infelizmente, o vôo que trazia o professor da Universidade de Passo Fundo, Mario Maestri, não conseguiu pousar em Chapecó devido ao aumento da neblina na região, o minicurso e a conferência que ministraria sobre “o significado da comuna e suas repercussões no Brasil” tiveram que ser cancelados.

As demais atividades da semana foram mantidas, trazendo grandes personalidades, como Andrea D’Atri, autora do livro “Pan y rosas”, da Argentina, militante feminista, para falar sobre “a participação das mulheres na Comuna de Paris”. Já que estas, pela primeira vez, pegaram em armas junto com os homens e lutaram lado a lado pelos seus direitos.

Foram abordados também, nas demais conferências, temas como “O lugar da comuna na história das revoluções”, por Valério Arcadi (IF-SP), “A arte e fantasmagórica história”, por Francisco Alambert (USP), “A natureza econômica, política e social da comuna”, por Armando Boito Jr. (UNICAMP) e “A comuna e a questão do poder popular”, por Bruno Lima Rocha (UNISINOS).

Além das conferências foi realizado o minicurso “Comunistas, anarquistas e análise da Comuna de Paris”, com os professores da UFFS, Danilo Martuscelli e Leonardo Leitão, e exibido o filme “La comune”, de Peter Watkings.

Deve-se deixar bem claro que a UFFS não realizou um evento em torno de algo que iniciou e terminou exclusivamente no passado. Mas que continua até hoje, que é um marco na luta contra a burguesia e, acima de tudo, teve o compromisso de instigar os espectadores a lutar por uma sociedade mais justa, para que aqueles 72 dias de 1871 não tenham sido em vão.

3 comentários:

  1. Nem sempre as revoluções tiveram resultados positivos. O evento é interessante, mas é preciso lembrar que a revolução era "burguesa", justamente o grupo que a autora critica.

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  2. nao estamos falando da revolucao francesa, esta sim burguesa, a comuna de paris foi a PRIMEIRA revolucao operaria,organizada, a grosso modo pelo proletariado devido exploracao desenfreada. Como disse o reitor da UFFS, citando Marx, foi um assalto aos ceus

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  3. Handressa,

    duas pequenas correções:
    1) a Comuna se encerrou no dia 28 de maio de 1871, e não em 21 de maio, como aparece no seu texto;
    2)o diretor do filme La Commune se chama Peter Watkins, e não Watkings.

    Como foi amplamente discutido durante o evento, a Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história. Apesar da curta duração desta revolução, que fora esmagada pelas burguesias francesa e prussiana, a Comuna de Paris deve ser lembrada por suas medidas políticas, entre as quais eu destacaria as seguintes:
    1. O trabalho noturno foi extinto nas padarias;
    2. O exército profissional e permanente foi substituído pelo armamento do povo;
    3. Todos os cargos da administração pública foram submetidos a processo eleitoral;
    4. Instituiu-se o mandato imperativo e revogável, sendo que o representante eleito deveria receber um salário de um operário médio;
    5. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
    6. Residências vazias foram desapropriadas e reocupadas;
    7. Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;
    8. Todos os descontos nos salários foram abolidos;
    9. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
    10. Os sindicatos foram legalizados;
    11. Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
    12. Projetou-se a gestão operária das fábricas (sem, no entanto, implantá-la);
    13. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
    14. Testamentos, adoções e a contratação de advogados se tornaram gratuitos;
    15. O casamento se tornou gratuito e simplificado;
    16. A pena de morte foi abolida;
    17. O cargo de juiz se tornou eletivo;
    18. O calendário revolucionário foi novamente adotado;
    19. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
    20. A educação se tornou gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;
    21. Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram criadas nas igrejas;
    22. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848 foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também;
    23. A bandeira vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade.

    Parabéns pela matéria!

    Danilo Martuscelli

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