quinta-feira, 31 de maio de 2012

A luta continua...

                      Realeza também conta com Jiu Jitsu e Capeira no campo das artes marciais


Por Jéssica Pauletti (Ciências Naturais/Realeza)


  Como falado em edição passada do Comunica, no texto “Vai encarar”, vamos falar aqui de outras duas artes marciais que estão fazendo parte do cotidiano dos realezenses: Jiu Jitsu1 e Capoeira2.

Capoeira

A história da capoeira é antiga, trata-se de uma manifestação cultural, a qual surgiu do encontro das culturas do índio, do negro e do português aqui do Brasil. É entendida como um jogo, que busca a corporeidade humana, a qual é baseada no diálogo do corpo, sendo que os jogadores são avaliados conforme as perguntas que irão desenvolvendo com o próprio corpo, os movimentos envolvem os braços, as pernas, a cabeça e todo o corpo.

Aqui em Realeza, a arte é ministrada pelo acadêmico de Medicina Veterinária, Evandro Rodrigues (Maka), que pratica a capoeira desde os 4 anos de idade. Na capoeira, existe um sistema oficial. Conforme o tempo de prática, o capoeirista possui determinada graduação entendida por corda, no caso de Evandro, ele possui a 7ª graduação (corda) e é considerado estagiário.

Sobre a ideia de trabalhar com isso, ele diz que ficou sabendo que outras artes estavam sendo desenvolvidas pelos professores da universidade, exemplo do Aikido, trabalhada pelo professor Gentil, e então ele pensou: por que não ter a capoeira também?. A partir daí, então, começaram as aulas.

Da importância desse jogo, Evandro diz que como qualquer outra atividade esportiva/física, a capoeira auxilia no bem estar físico e mental, ajudando, inclusive, no reflexo, autoestima e interação social. Até agora os resultados são satisfatórios, os alunos que praticam essa modalidade mostraram interesse e vontade de aprender sempre mais. E isso lhe dá animo, segundo o capoeirista, pois ele pretende realizar projetos como apresentações e viagens de integração com capoeiristas de outras cidades e, quem sabe, descobrir talentos dentro da capoeira e talvez até futuros professores dessa arte.

Lembrando que as aulas acontecem na UFFS, nas segundas, quartas e sextas-feiras, no horário das 18:00 às 19:00. A capoeira não tem limite de idade, peso, sendo assim, todos são bem vindos.


                                                                                                    Jéssica Pauletti/Comunica
Meninos fazendo alongamento durante os treinos da Capoeira


Jiu Jitsu


Alguns historiadores afirmam que o Jiu-jitsu nasceu na Índia e era praticado por monges budistas, preocupados com a autodefesa. Eles desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das alavancas, evitando o uso da força e de armas. No Jiu Jitsu, assim como em outras artes marciais, o praticante usa uma faixa com uma cor, que significa a idade e golpes permitidos. A vestimenta básica de um lutador de jiu jitsu é o quimono e a faixa.

Aqui em Realeza, essa modalidade é ministrada pelo professor Emerson Martins, ele pratica o jiu jitsu há pelo menos 7 anos. A respeito de como surgiu a ideia de implantar essa arte aqui no município, Emerson diz que a ideia já surgiu em 2011. Ele conta que: “Na ocasião, conheci o Gabriel, filho da professora Adalgisa e do professor Marcelo, um garotinho de oito anos aficionado por artes marciais, e especialmente pelo Jiu-jitsu. No segundo semestre de 2011, começamos, eu e Gabriel, a treinar no antigo auditório do Campus Realeza, sem nenhum equipamento, somente um desejo muito grande e belo pelo esporte. Tentamos, por intermédio da UFFS, comprar um tatame, mas foi inócuo. Nessa época, já havia também uma conversa com o professor Gentil de juntos comprarmos um tatame. O professor Gentil também já havia começado a ensinar o Aikidô numa acadêmia, mas as condições também não eram favoráveis. Então, ele tomou a iniciativa e comprou o tatame. Juntos, alugamos a sala onde fundamos o Dojo Sakura, o qual também agregou o Judô, com a instrutora Amanda, uma de nossas estudantes de Veterinária. E, felizmente, desde março estamos em constantes atividades de Jiu-jitsu.”

Da importância de praticar esta arte marcial, Emerson coloca: “Acredito que todas as pessoas deveriam ter a oportunidade de experimentar as benesses que qualquer esporte oferece. Em especial, o Jiu-jitsu é um esporte que reúne elementos essenciais para uma vida saudável, como o aumento da resistência física (aeróbico e anaeróbico), o desenvolvimento de força e tonificação de músculos de todo o corpo, a melhora na concentração e da memória, a ampliação do dinamismo intelectual, a descontração e socialização, além de nos colocar em contato com nosso corpo e com o do outro. Sempre digo que o Jiu-Jitsu é uma forma antropológica de se relacionar com o mundo, pois nele não só percebemos que existe o outro, como nos defrontamos com nossas limitação, latências, potencialidades e frustrações, é uma experiência de alteridade e empatia. Ou seja, não há como praticar Jiu-Jitsu e não se sentir mais parte do mundo.”

Dos resultados até agora, o professor Emerson destaca que “ esses quase três meses tem sido maravilhosos. O aprendizado em todos aqueles aspectos que já destaquei (concentração, resistência física e tal) são maravilhosos, entre as crianças e os adultos. De toda forma, para mim, o mais importante até agora tem sido a diversidade entre os praticantes e o bom encontro que isso tem proporcionado. Para mim, especialmente, é a oportunidade de praticar e ampliar o Jiu-Jitsu, além de aprofundar as minhas raízes na cidade de Realeza e na UFFS.

Em termos de projetos futuros, em torno do Jiu-Jitsu, pensa-se na ampliação do tatame e do número de participantes, a produção de instrutores e principalmente a institucionalização do Jiu-Jitsu como projeto de extensão da UFFS, proporcionando inclusive bolsas e estudos relativos ao Jiu-Jitsu.

Lembrando que as aulas ocorrem no Centro Egon, no segundo piso. É um trabalho voluntário, como das demais artes. Há uma taxa simbólica de 30 reais, que juntamente com as taxas das outras modalidades, serve para a manutenção do Dojô (aguá, luz, aluguel, limpeza e manutenção) e gastos com a vinda, de Florianópolis, do Mestre Alexandre Araújo, que estará presente com o grupo para avaliar o desempenho dos praticantes.

Segundo o professor Emerson, o público participante são pessoas a partir de 6 anos de idade e de todos os gêneros e origens sociais. Há dois horários: para as crianças até 12 anos, as aulas ocorrem todas as segundas e quartas-feiras, das 17:45 às 18:45; e para os adultos, todas as segundas, quartas e quintas-feiras, das 22:45 às 00:15 h. O professor ainda destaca que, o horário da noite parece inusitado, mas, “para mim, foi sempre uma prerrogativa, haja vista que as outras artes são oferecidas num horário que estudantes do noturno não podem, em sua maioria, participar, ademais, em todo o Brasil, este horário é considerado nobre e recorrente para a prática do Jiu-jitsu, por seu caráter democratizante”.

Em conversa ao Comunica, a acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais, Suelen Felicetti, que é praticante dessa modalidade, conta que entrou no jiu jitsu por entender que este era “uma oportunidade de praticar uma atividade física saudável, além de ser uma boa arte de defesa pessoal que envolve todo um contexto 'ético'”. Dos resultados até agora, Suelen destaca que percebeu que a sua resistência aumentou muito e que as técnicas melhoraram em relação ao início, e ainda diz que está adorando praticar essa arte marcial.



1 VIEIRA, Sergio Luiz de Souza. Capoeireira – origem e história. Disponível em <http://www.capoeira-fica.org/pdf/Capoeira_Origem_Historia.pdf>

2 História do Jiu Jitsu. Disponível em: < http://www.cbjj.com.br/hjj.htm>

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