Obras de Guimarães Rosa foram tema de oficina durante a I Semana Acadêmica de Letras
Marcos Silva
Professor Saulo durante a oficina “Leitores do sertão: as leituras de contos de Guimarães Rosa”. |
Muitas pessoas já se depararam com as obras de Guimarães Rosa e passaram a entendê-las como confusas, com palavras malucas que não se encontram no dicionário de língua portuguesa, nem mesmo no "Aurélio". Devo confessar que sou uma delas. Mas isso não vem ao caso. O que eu estou querendo contar aqui é que participei de uma oficina, voltada para as obras de Guimarães Rosa, durante a I Semana Acadêmica de Letras, da qual gostei muito, pois passei a ter um maior contato com as obras desse autor. Percebi, então, que as “palavras malucas” não são tão “malucas” quanto parecem, elas querem nos dizer algo assim como todas as outras palavras de nosso dicionário. A única diferença é que as palavras de Guimarães exigem de nós uma atenção maior, pois tentam nos falar algo de uma maneira diferente.
A oficina “Leitores do sertão: as leituras de contos de Guimarães Rosa” foi ministrada pelo professor Me. Saulo Gomes Thimóteo. Nela foram discutidas diversas obras de Guimarães Rosa, todas retiradas do livro “Tutaméia”, última obra publicada pelo autor. Durante a oficina, o professor deu grande ênfase à brincadeira que o autor faz com as palavras, destacando que ele tem uma maneira diferente de escrever, pois inventa suas próprias palavras, tenta burlar palavras já existentes para que elas possam significar outras coisas. Simples não?
Para entendermos melhor o que as palavras de Guimarães querem dizer, o professor Saulo deixou algumas dicas. Segundo ele, quando nos deparamos com palavras diferentes, precisamos “quebrá-las”, pois, na maioria dessas palavras, há uma junção de duas, ou mais, palavras, para significarem algo diferente. Guimarães usa palavras como, por exemplo, “associoso” que significa alguém amigável com a intenção de ser sócio, ou ainda, “desenredo”, para falar não enredo. Outra dica do professor é de que, caso não consigamos entender os contos de Guimarães, na primeira leitura, basta fazermos segundas, terceiras leituras e quantas mais forem necessárias, cada vez prestando mais atenção no que as palavras tentam nos explicar.
O professor Saulo ainda destacou outras brincadeiras feitas pelo autor na obra “Tutameia.” Dentre elas, estão a organização dos contos em ordem alfabética, o fato de haver, na obra, quatro prefácios ao invés de um, e ainda, a brincadeira que ele faz na bibliografia usando as iniciais J., G., R., que significam José Guimarães Rosa.
Um dos contos que o professor Saulo discutiu, durante a oficina, chamava-se “Aletria e Hermenêutica”. O professor destacou que esse título significa, simplesmente, uma análise das palavras, mas sem as palavras. Ele também destaca que, neste conto, o autor cita diversas piadas, sendo que a intenção do autor não é contar piadas apenas por contá-las, mas contá-las para entendê-las.
Durante a leitura deste conto, o professor Saulo frisou que o autor faz a utilização de fatos reais ou abstratos para explicar algo, ou seja, ele faz diversas brincadeiras com o concreto e o abstrato. Podemos ver isso, por exemplo, quando tenta explicar o que é o “nada”; ele diz que “o nada é uma faca sem lâmina da qual tiraram o cabo”, ou ainda, “o nada é um balão sem pele”.
Outros contos de Guimarães Rosa foram discutidos, durante a oficina, entre eles estavam: Desenredo, Orientação, Retrato de Cavalo, Sinhá Secada, Tapiiraiauara, Mechéu, Quadrinho de História, João Porém, o criador de perus, Esses Lopes. Alguns grupos foram formados pelos participantes da oficina, estes que fizeram a leitura e discussão desses contos.
Marcos Silva
A oficina “Leitores do sertão: as leituras de contos de Guimarães Rosa” foi ministrada pelo professor Me. Saulo Gomes Thimóteo. Nela foram discutidas diversas obras de Guimarães Rosa, todas retiradas do livro “Tutaméia”, última obra publicada pelo autor. Durante a oficina, o professor deu grande ênfase à brincadeira que o autor faz com as palavras, destacando que ele tem uma maneira diferente de escrever, pois inventa suas próprias palavras, tenta burlar palavras já existentes para que elas possam significar outras coisas. Simples não?
Para entendermos melhor o que as palavras de Guimarães querem dizer, o professor Saulo deixou algumas dicas. Segundo ele, quando nos deparamos com palavras diferentes, precisamos “quebrá-las”, pois, na maioria dessas palavras, há uma junção de duas, ou mais, palavras, para significarem algo diferente. Guimarães usa palavras como, por exemplo, “associoso” que significa alguém amigável com a intenção de ser sócio, ou ainda, “desenredo”, para falar não enredo. Outra dica do professor é de que, caso não consigamos entender os contos de Guimarães, na primeira leitura, basta fazermos segundas, terceiras leituras e quantas mais forem necessárias, cada vez prestando mais atenção no que as palavras tentam nos explicar.
O professor Saulo ainda destacou outras brincadeiras feitas pelo autor na obra “Tutameia.” Dentre elas, estão a organização dos contos em ordem alfabética, o fato de haver, na obra, quatro prefácios ao invés de um, e ainda, a brincadeira que ele faz na bibliografia usando as iniciais J., G., R., que significam José Guimarães Rosa.
Um dos contos que o professor Saulo discutiu, durante a oficina, chamava-se “Aletria e Hermenêutica”. O professor destacou que esse título significa, simplesmente, uma análise das palavras, mas sem as palavras. Ele também destaca que, neste conto, o autor cita diversas piadas, sendo que a intenção do autor não é contar piadas apenas por contá-las, mas contá-las para entendê-las.
Durante a leitura deste conto, o professor Saulo frisou que o autor faz a utilização de fatos reais ou abstratos para explicar algo, ou seja, ele faz diversas brincadeiras com o concreto e o abstrato. Podemos ver isso, por exemplo, quando tenta explicar o que é o “nada”; ele diz que “o nada é uma faca sem lâmina da qual tiraram o cabo”, ou ainda, “o nada é um balão sem pele”.
Outros contos de Guimarães Rosa foram discutidos, durante a oficina, entre eles estavam: Desenredo, Orientação, Retrato de Cavalo, Sinhá Secada, Tapiiraiauara, Mechéu, Quadrinho de História, João Porém, o criador de perus, Esses Lopes. Alguns grupos foram formados pelos participantes da oficina, estes que fizeram a leitura e discussão desses contos.
Marcos Silva
Alunos analisando os contos de Guimarães Rosa durante a oficina |
Diante de nossos olhinhos atentos e curiosos, contagiados e “hipnotizados” por sua paixão por literatura, o professor Saulo finalizou a oficina fazendo um breve comentário referente às obras de Guimarães, recomendando ainda, a leitura das obras do autor.
Após participar dessa oficina, pude entender, nos contos discutidos, o porquê daquelas palavras “malucas” usadas pelo autor e o porquê daquele jeito “estranho” que ele usa para tentar se expressar. Talvez eu ainda não consiga entender as obras de Guimarães na primeira leitura, pois ainda possuo algumas dificuldades, mas quem sabe na terceira ou quarta leitura. Já que em uma primeira leitura aquelas palavras “malucas”, usadas por Guimarães, podem causar certo estranhamento aos nossos olhos e ouvidos, a melhor solução é reler várias vezes até que nos tornemos familiarizados com essas palavras, podendo, assim, compreender e interpretar, essas palavras, de uma maneira diferente a cada nova leitura.
Obrigado pela dica, pois estou lendo um texto de Guimarães, e é como você disse, estou achando estranho a linguagem, vou procurar ler outras vezes.
ResponderExcluirObrigado pela dica, pois estou lendo um texto de Guimarães, e é como você disse, estou achando estranho a linguagem, vou procurar ler outras vezes.
ResponderExcluirEsqueci de postar o meu endereço: http://zeh1lima.comunidades.net/