Professor Sérgio e alunos participantes da oficina “A tropicália”. |
Por Vanessa Pagno (Ciências/Realeza)
Após o Samba e a Bossa Nova, é a vez da Tropicália ter seu espaço nas oficinas realizadas no projeto de extensão “História, cultura e poesia através das letras da música popular brasileira”, coordenado pelo professor Dr. Sérgio Massagli. O encontro realizado no último dia 17 de setembro de 2011, na UFFS campus de Realeza, esteve voltado para o contexto histórico brasileiro na década de 1960 e para a Música Popular Brasileira da época.
No início da oficina, o professor Sérgio fez uma breve retomada do que já foi estudado, nas oficinas anteriores, sobre o Samba, a Bossa Nova e o contexto histórico que se passava até a década de 60. Logo após, o bolsista do projeto, Ivan Lucas Faust, falou um pouco sobre o contexto político histórico do Brasil na década de 60, ano em que o tropicalismo surgiu no Brasil.
Foi discutido, durante a oficina, o fato de muitos artistas brasileiros, da época, terem organizado passeatas contra a guitarra elétrica, pois afirmavam que, atrás da guitarra, havia muito lixo americano e que, junto com ela, viriam músicas que não faziam parte do que estava acontecendo no Brasil na época. O professor Sérgio destacou, durante a oficina, que “hoje parece ridículo existir uma passeata contra a guitarra, mas que na época fazia muito sentido, embora alguns artistas, como Caetano Veloso, já viam essa passeata como um verdadeiro absurdo”.
Como o marco inicial do surgimento do tropicalismo, no Brasil, foram os Festivais da Música Popular de 1967, realizados pela TV Record, assistimos a um vídeo, “Uma noite em 67”, que mostra um dos festivais que ocorreram em 67, no qual muitos artistas brasileiros se apresentaram, entre eles estavam Chico Buarque, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo, entre outros. Neste festival o público que assistia era bem crítico. Alguns artistas eram muito aplaudidos, outros muito vaiados. Estes nem tinham a chance de mostrar suas músicas, como foi o caso de Sérgio Ricardo que tentou cantar a música "Beto bom de bola", no entanto, diante de tantas vaias acabou perdendo o controle, gritando com o público e jogando o violão sobre a plateia que o assistia. Devido a essa atitude violenta, ele foi desclassificado do festival.
O professor Sérgio salientou, durante o encontro, que esses festivais foram organizados para criar um universo de torcida e de engajamento do público e até brincou dizendo que "parecia torcida de futebol". Ele ainda destaca que aconteciam várias frustrações durante esses festivais, como, por exemplo, o caso de Geraldo Vandré, com sua música "Pra não dizer que não falei das flores", que tem uma melodia muito bonita, mas que, no entanto, ficou em segundo lugar, perdendo para a música "Sabiá" de Chico Buarque e de Tom Jobin. Como a música de Geraldo Vandré era a preferida, o público vaiou o júri.
Durante a oficina, a voluntária Suane Caroline Lucatelli falou um pouco sobre as influências da Tropicália que, segundo ela, foram mais fortes na arte e na antropofagia. “Na arte eram usadas embalagens de comida enlatada, all star, entre outras; eram feitas críticas com ironias ao materialismo e ao consumismo, pois o tropicalismo absorve essa cultura de massa, mas de forma crítica”.
Para finalizar o encontro, o professor Sérgio comentou sobre a mensagem passada na letra da música "Tropicália" de Caetano Veloso. De acordo com ele, a letra é bem crítica e aponta dois Brasis, um Brasil moderno, com monumentos, e, por outro lado, um Brasil arcaico, da palhoça, da fome, da miséria. "A letra denuncia a contradição do país, pois ele fala ‘viva a Bossa’, ‘viva o Brasil’, mas por outro lado tem a palhoça, o casebre, o monumento é de papel".
O professor Sérgio ainda convidou a todos para participar da última oficina do projeto, que será em novembro e terá a participação do professor Me. Saulo Gomes Thimóteo. Ele destacou que nela será discutido mais sobre Chico Buarque.
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