quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Desafios da docência para o século XXI

Handressa Louanne Rossi (História/Chapecó-SC)

Sabe-se que o ensino público básico, na sua grande maioria, não é referência de qualidade, pois o Brasil, hoje, ocupa o 50º lugar nesse quesito. Entretanto, o que muitos podem não saber é que somos o 13º país com mais publicações científicas no mundo! Essa discrepância nos dados acima ilustra a distância entre o ensino superior e a educação básica pública no Brasil.


Tal debate emergiu dia 23/08, na I Semana das Ciências Humanas Integradas, organizada pela Unochapecó. Este evento contou com a presença da professora Dra. Selva Guimarães, da UFU (Universidade Federal de Uberlândia), que ministrou a palestra “Ser professor no século XXI: desafios e perspectivas”. Vários alunos das licenciaturas da UFFS - Campus Chapecó estiveram presentes no evento, visto que a missão da nossa universidade, tal como expressa em seu PPI, é o “atendimento às diretrizes da Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação, estabelecidas pelo DECRETO No. 6.755, DE 29 DE JANEIRO DE 2009, cujo principal objetivo é coordenar os esforços de todos os entes federados no sentido de assegurar a formação de docentes para a educação básica em número suficiente e com qualidade adequada”. (http://www.uffs.edu.br/)

A palestra da Dra. Guimarães abordou vários exemplos reais da docência, destacando que, na maioria das vezes, os acadêmicos são preparados pra uma sala de aula ideal e, ao entrar no mercado de trabalho, se deparam com as salas reais, com a dificuldade de diálogo entre os atores educacionais e, muitas vezes, com hierarquias muito fortes que impedem sua autonomia. A própria palestrante pareceu muito surpresa ao saber que, em Santa Catarina, os diretores de escolas estaduais são considerados cargos de confiança, não havendo eleições para os mesmos: “esta é uma prática dos anos 1970”, cita Selva.

Outro fator abordado foi a falta de professores nas escolas públicas, por que os jovens licenciados veem a docência como um processo transitório e desvalorizado, como se fosse uma ponte para a ‘verdadeira profissão’. Esse aspecto, infelizmente, pode ser percebido com frequência nos corredores da UFFS, inclusive por parte de alguns dos alunos presentes na palestra.

A aluna Camila Marmentini, acadêmica de licenciatura em história, destaca que a desvalorização, não só do professor, mas de todo o sistema educacional, principalmente dos próprios alunos da rede pública, desestimula os acadêmicos no efetivo engajamento na profissão docente. Acrescenta ainda que “a maneira com que se apresenta a educação, nem os próprios alunos compreendem o porquê de ir a escola”, de buscar a produção de conhecimentos.

Mais de 95% de nós, alunos da UFFS, somos fruto do processo educacional público, o que já é um grande passo em relação a minimizar a distância entre ensino básico e superior públicos apresentados no inicio. Nada mais justo do que abraçarmos esta causa, buscando estreitar as relações do conhecimento de forma efetiva e maciça, muito além das retóricas propagandas a respeito da importância do professor, porque nenhum de nós - professor ou futuro professor - tem a pretensão de fazer milagres. Somos (seremos) profissionais em busca de valorização e de boas condições de trabalho.

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