segunda-feira, 24 de junho de 2013

Forma de ingresso na UFFS e a Lei de cotas


Yan Cleiton Bergozza (Agronomia/Erechim)

A forma de ingresso acadêmico à Universidade Federal da Fronteira Sul tem, nos últimos anos, se destacado em nível nacional. Objetivando o desenvolvimento meso-regional, a instituição teve uma forma de implantação diferenciada das demais instituições federais do Brasil e conseguiu – através do “fator escola pública” juntamente com a nota do ENEM – atrair mais de 90% de estudantes oriundos de escola pública. Além do diferencial seletivo da instituição, alguns cursos de graduação também surgem de forma alternativa, ou seja, têm ênfases que foram demandas regionais defendidas pelos movimentos sociais da região Sul do Brasil (Ex.: Agronomia – ênfase em agroecologia; Engenharia Ambiental e Energias Renováveis).

Com a nova Lei de cotas, sancionada em agosto de 2012 (Lei nº 12.711), – que garante 50% das vagas de Instituições Federais para sujeitos advindos de escola pública e, também, regulamenta um percentual das vagas para pretos, pardos e indígenas – a UFFS, no último processo seletivo (2013), incluiu à sua política de ações afirmativas a forma de ingresso através das cotas raciais. A partir da nova Lei, a UFFS transcende a exigência de 50% das vagas para alunos oriundos do ensino público e oferece o número de vagas por curso proporcionalmente à porcentagem de alunos matriculados no ensino médio na rede de ensino público. Ou seja, a divisão das vagas em cada estado – PR, SC, RS - será diferente. Dessa forma, 86% das vagas da UFFS-SC serão destinadas a alunos oriundos de escolas públicas; na UFFS-RS, as vagas correspondem a 89% e na UFFS-PR, 87% das vagas são para alunos da rede pública.

Érica Fraga produziu um texto para o Jornal Folha de São Paulo, problematizando a nova lei de cotas (Lei nº 12.711-2012). A referência utilizada para o texto foi um estudo realizado pelos pesquisadores Fábio Waltenberg e Márcia de Carvalho da Universidade Federal Fluminense, com base em dados de 2008 do Exame Nacional de Estudantes. Com o estudo, constatou-se que alunos cotistas têm desempenho inferior (9,3% menor) entre os universitários e, de acordo com o texto, para Waltemberg “com a ampliação da política de cotas (que atingirão 50% das vagas das federais até 2016), é possível que o hiato entre as notas se amplie”.

A UFFS não está incluída na pesquisa, e ainda não formou nenhuma turma, por isso, não há elementos avaliativos de desempenho para formular críticas concretas sobre o método de inclusão adotado por esta instituição. Mas ainda assim, apesar das pesquisas indicarem inferioridade de desempenho de alunos cotistas no Brasil, o fato de uma instituição federal ser frequentada por mais de 90% de alunos advindos de escolas públicas consolida a importância dessa forma de inclusão.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Curso de Geografia da UFFS-Erechim é reconhecido pelo MEC

Jéssica Amroginski (Engenharia Ambiental/Erechim)


A regulamentação dos cursos de graduação é feita pelo Ministério da Educação (MEC), para isso, são realizadas avaliações conduzidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Em universidades federais, os procedimentos regulatórios dos cursos de graduação (presencial) incluem o reconhecimento de curso e a renovação de reconhecimento, que são as condições obrigatórias para a validação dos diplomas. Esse processo de reconhecimento é feito quando o curso atinge entre 50% e 75% de integralização da sua carga horária.

Na UFFS-campus Erechim, o curso de Licenciatura em Geografia foi o primeiro a ser regulamentado pelo Ministério da Educação. Parte dessa avaliação ocorreu entre os dias 19 e 22 de maio de 2013 quando uma comissão veio à Universidade para avaliar critérios exigidos pelo MEC. Para ser regulamentado, os seguintes critérios são observados: organização didático pedagógica, corpo docente e tutorial e infraestrutura.

Para a Professora Coordenadora do Curso, Juçara Spinelli, o reconhecimento do Curso de Geografia “[...] representa o resultado de um esforço conjunto para oferecer aos alunos excelência no ensino superior. Ao curso foi atribuída nota 4, em uma escala de 0 a 5. O resultado do reconhecimento do curso expressa que o Ministério da Educação (MEC) avaliou, sob critérios legais, que a Instituição atende as normas exigidas, que o Curso está plenamente apto à formação na área e que o egresso possui todas as prerrogativas para uma formação de qualidade. Portanto, ao concluírem seus estudos, os alunos terão o diploma validado pelo MEC.”

sexta-feira, 7 de junho de 2013

III Encontro Regional de Agroecologia – Sul em Erechim

Yan Cleiton Bergozza (Agronomia/Erechim)


O último “feriadão” - dias 30 e 31 de maio e 1 e 2 de junho - de diversos acadêmicos de universidades federais do Sul do Brasil, foi destinado a participação no III Encontro Regional de Agroecologia – Sul (III ERA-Sul), ocorrido no Colégio Agrícola Estadual Emílio Grando em Erechim.

O evento, organizado por universitários da UFFS que fazem parte da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), uniu estudantes de diversos cursos da UFFS, justificando o caráter interdisciplinar do evento. O encontro contou com aproximadamente 250 estudantes advindos das Instituições de Ensino: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC; Universidade Federal do Paraná - UFPR, Campus Curitiba e Litoral; Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS; Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Campus Erechim, Cerro Largo e Laranjeiras do Sul; Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Campus Santa Maria e Frederico Westphalen e Universidade Federal de Pelotas – UFPEL. Além disso, também participaram agricultores, profissionais técnicos e professores.

No primeiro dia (30 de maio), aconteceu a abertura oficial do evento. E, posteriormente, iniciou-se o Painel Principal 1, Agroecologia: contraponto ao modelo atual, cujo objetivo foi contrapor a Agroecologia ao modelo convencional predominante de agricultura, bem como debater sobre os desafios da assistência técnica e extensão rural para modelos de agricultura baseados na Agroecologia.

O Painel Principal 2, no dia seguinte (31 de maio) pela manhã, teve como foco o diálogo sobre Juventude Rural. Neste, foram propostas soluções para a permanência do jovem no campo e foram discutidas questões sobre as políticas públicas de desenvolvimento rural e de que forma os incentivos contribuem - efetivamente - para a sucessão familiar. À tarde foi destinada para oficinas e vivências: Produção de morangos orgânicos; Agrofloresta com laranjeiras; Aquecedor solar comercial; Cromatografia; Agricultura biodinâmica e bioconstrução e Produção Agroecológica Integrada e Sustentável.

O terceiro dia de Encontro - sábado (1 de junho) - “acordou” mais agitado. No início da manhã, os participantes foram destinados para o centro de Erechim com o objetivo de realizar um diálogo com a sociedade – mesmo com o tempo chuvoso. O diálogo ocorreu na Feira Ecológica do bairro São Cristovão, na feira da Cooperativa Nossa Terra. Depois disso, os encontristas realizaram um manifesto (veja algumas fotos abaixo) em frente ao Mc Donald’s em defesa da Soberania Alimentar e também em crítica às propagandas enganosas realizadas pelas empresas “Fast Food” em geral. Já no período da tarde, aconteceram três mesas redondas tratando dos temas: Experiências de cooperativas e de agricultores; Diálogo com o Movimento das Mulheres Camponesas; Histórico da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB).

 
Manifestação em defesa da Soberania Alimentar. (Foto: arquivo pessoal)




Finalizando o III ERA-Sul, o quarto dia (2 de junho) foi destinado para o Painel Principal 3: Universidade Popular, que foi ministrado pelo vice reitor da UFFS, Antônio Inácio Andrioli e pelo membro da Coordenação Nacional da FEAB – gestão 2012/2013 Cruz das Almas, Bahia -, Jefferson Duarte Brandão.
 
Painel III. Antônio I. Na mesa, da esquerda para a direita: Andreoli e Jefferson Brandão. (Foto: arquivo pessoal)

Parafraseando um post antigo (Clique aqui para ver o texto) que informava que o III ERA-Sul seria sediado em Erechim, conclui-se: “Encontros como esses, de estudantes, justificam que a formação profissional dos acadêmicos não acontece somente através de aulas, dentro na universidade. ‘Se iremos trabalhar com, e para a sociedade, nada melhor do que estudar e agir junto com.”

Como mensagem final do encontro, entendendo que como estudantes temos muito o que apreender, mas também muito a construir socialmente: "Jovens, não criem barreiras, apenas quebrem as que já existem na sociedade". (Micael M. Dutra, acadêmico de Agronomia da UFFS/Erechim).

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Analisando a estrutura física da UFFS Erechim

Por Yan Cleiton Bergozza (Agronomia/Erechim)

Sabe-se que a Universidade Federal da Fronteira Sul teve uma criação “improvisada” (aluguel e empréstimo de estrutura), mas com intuito de atender às demandas sociais regionais e de oferecer ensino público e de qualidade para os ingressantes. É importante fazer essa referência ao processo de construção da nossa universidade para que não haja ambiguidades em torno do assunto e para evitar que por ventura venham apontar críticas para uma “direção torta”.

O fato é que se passaram mais de três anos, desde que o projeto de lei de sua criação foi sancionado (15-09-2009), e os espaços físicos da Universidade continuam sendo os provisórios. Em Erechim, atualmente, os acadêmicos da UFFS contam com três locais distintos para frequentar as aulas – não acontece com todas as turmas, mas algumas chegam a frequentar os três locais durante a semana -, ressaltando que a biblioteca e o Xerox estão localizados na unidade provisória, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, gerando maiores dificuldades na rotina estudantil de quem tem aulas nos diferentes locais.

Em uma discussão sobre o tema “Universidade Popular”, no III Encontro Regional de Agroecologia, o vice-reitor da UFFS Antônio Inácio Andrioli comentou o fato de que a universidade previa estar em funcionamento nos campi definitivos ainda em 2012. Apesar do atraso, Andrioli disse avaliar as obras de forma positiva ao compará-la com a suposta maioria de obras públicas que sofrem um processo mais longo de finalização. Adicionado a isso, ele ressaltou a alta qualidade dos espaços físicos que estão em construção.

Dialogando com alguns estudantes de diversos cursos, obteve-se concordância em quase todos os aspectos. Para incorporar elementos ao texto, o acadêmico Micael M. Dutra, do curso de Agronomia, contribuiu para o debate com uma análise sobre a construção da Universidade Federal da Fronteira Sul:

A Universidade Federal da Fronteira Sul implantada em Erechim para atender às demandas da Região do Alto Uruguai, passa por um processo de implantação, desde 2010, de suas estruturas definitivas que se encontram em fase de construção. Foram disponibilizados oito cursos, sendo três diurnos e cinco noturnos, e o uso das estruturas do Seminário Nossa Senhora de Fátima nos anos iniciais da Universidade garantiram, além de estrutura, a localização apta a receber alunos com a maior brevidade possível ainda em 2009. Decorridos três anos após o início das atividades de aula, ingressaram na UFFS-Erechim aproximadamente 1.200 estudantes, e o fato é que se criou certo comodismo entre os acadêmicos em reivindicar a remoção para o campus definitivo. O que agrava a necessidade de uma pressão por parte do movimento estudantil e mesmo por outros setores da UFFS é que neste sétimo semestre estão acontecendo aulas em três espaços diferentes – Escola Érico Veríssimo, Escola José Bonifácio, e Seminário – o que tem dificultado a vida dos estudantes da UFFS, quanto ao deslocamento, quanto à assessoria da UFFS e outros seguimentos que não foram preparados e não estão nestes espaços para auxiliar os estudantes. E, além disso, a comunidade da UFFS entra em um processo de comodismo, devido algumas facilidades que temos em morar no centro urbano, mascarando a preocupação a respeito da data para a mudança para o campus definitivo bem como debater estruturas para o mesmo.

Como se percebe, essa opinião estudantil expressa críticas à universidade pela falta de espaços definitivos, bem como uma clara autocrítica relatando a falta de reivindicações.

A universidade – âmbito estrutural, didático e de conhecimento - é construída justamente a partir dos debates que são gerados entre os estudantes e entre os outros diversos setores universitários. Portanto, tendo clareza da importância da existência da UFFS para além da vida acadêmica e para a região do Alto Uruguai Rio Grandense, reafirma-se a necessidade de discutir os temas relativos à estrutura atual universitária focando o progresso das construções e a qualidade de ensino que é composta por muitos elementos – não somente “sala de aula, professor e aluno”.